"Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar. Não ande na minha frente, talvez eu não queira seguí-lo. Ande ao meu lado, para podermos caminhar juntos."

 


As denúncias de assédio moral no ambiente corporativo ocupam o primeiro
lugar na lista de reclamações do Núcleo de Combate à Discriminação no
Trabalho, do Ministério Público do Trabalho na Bahia.


Hoje existem 121 processos em andamento nesse núcleo, resultado de
queixas registradas por  vítimas de humilhações constantes partindo de
chefes ou de colegas que, geralmente, estão em cargos hierarquicamente
mais elevados.


“O assédio começa com uma brincadeira despretensiosa e termina se
convertendo numa prática constante. Isso resulta na diminuição da
auto-estima da vítima, até que ela não agüente mais e peça demissão ou,
em casos extremos, pode até chegar ao suicídio”, relata o procurador
Manoel Jorge e Silva Neto, que faz parte do núcleo que  investiga este
tipo de queixa.

PRIMEIRO MUNDO – Diferentemente do que se pode
imaginar, o problema é recorrente até mesmo em países reconhecidos pelo
alto nível de qualidade de vida. Na Suécia, por exemplo, entre 10% e
15% dos casos de suicídio estão relacionados ao sofrimento imposto pela
pressão no ambiente de trabalho.


Outro dado que mostra que o problema não acontece somente em países
subdesenvolvidos é a estimativa da Organização Mundial do Trabalho
(OIT) que indica que 9% dos trabalhadores da União Européia – cerca de
12 milhões de pessoas – já foram vítimas de assédio moral.


No Brasil, a situação não é diferente, mas ainda faltam estatísticas
que demonstrem esta realidade, até porque muitos trabalhadores deixam
de denunciar por medo de retaliações.


“Este é um problema que atinge um parcela considerável da população,
que termina não denunciando. Isso tem que acabar. Temos que
conscientizar as pessoas a expor o seu caso, para que esse tipo de
comportamento seja reduzido”, orienta Manoel Jorge.

MEDO – O receio de sofrer ainda mais com o assédio do
seu antigo chefe fez com que Lúcia (nome fictício) não registrasse
queixa. Mas, para se livrar do problema – que se agravava a cada dia e
que a fez  passar mal, desmaiar e até ser hospitalizada –, ela precisou
pedir transferência da empresa para trabalhar em outro Estado.


“A princípio, pensei em levar o caso à Justiça, mas depois eu desisti,
porque não quis me sentar numa mesa de audiência e estar cara a cara
com a pessoa que me fez sofrer durante tanto tempo e reviver as
situações. Mas ele merecia uma punição”, diz Lúcia

Colaborou João Mauro Uchôa

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